sexta-feira, julho 29, 2005

Leituras IV

Li através do Bloguítica.
Excelente editorial de Sérgio Figueiredo, director do Jornal de Negócios. Leiam aqui que vale a pena.

Contas de um demagogo - "post" rectificado

Paulo Gorjão chama a atençao, aqui e aqui, para as inacreditáveis declarações do Manuel Pinho ao "Diário de Notícias" de ontem.

O mais extraodinário nessa mini-entrevista é que o ministro da Economia deve pensar que os contribuintes portugueses são parvos. Ao afirmar que a OTA e o TGV "no horizonte desta legislatura, representam menos de 10 por cento do Plano de Investimentos em Infra-Estruturas Prioritárias" (PIIP), está a fazer contas de chico-esperto.
O dr. Pinho sabe perfeitamente que as suas contas não incluem o investimento total previsto para aqueles dois projectos. A OTA deverá custar cerca de 3 mil milhões de euros (600 milhões de contos), embora aqui se fale em 5 mil milhões (mil milhões de contos), enquanto o TGV tem uma estimativa de investimento na ordem dos 14 mil milhões de euros (2 mil e 800 milhões de contos).

No PIIP, que apenas apanha o período desta legislatura, ou seja, 2005/2009, estão previstos investimentos de 650 milhões de euros (130 milhões de contos) para o novo aeroporto internacional de Lisboa e de 1,5 mil milhões de euros (300 milhões de contos) para a alta velocidade. Total: 2,150 mil milhões de euros (430 milhões de contos)

Sabem para que servem os 2,150 mil milhões previstos até 2009? Para mais estudos e consultorias, além de expropriações. As obras propriamente ditas - parte de leão dos custos - só começarão após 2009.

Se o dr. Pinho quiser ser intelectualmente honesto pega no valor do investimento total previsto no PIIP, 25 mil milhões de euros (5 mil milhões de contos), e compara-os com o investimento total conjunto da OTA e da TGV, ou seja, 19 mil milhões de euros (3 mil e 800 milhões de contos).
Pode ser?

Já!

Em vez de fazer declarações ridículas, Manuel Pinho devia publicitar os estudos que sustentam a decisão de avançar para a construção de um novo aeroporto internacional na OTA que vai custar entre 3 mil milhões a 5 mil milhões de euros.

Já!, como a Grande Loja propõe.

quinta-feira, julho 28, 2005

A Propósito de Energias Alternativas…



Hoje li isto na versão on-line do Jornal de Negócios:

A hipótese de Portugal perder o investimento estrangeiro de 426 milhões de euros que diversos investidores estrangeiros pretendiam aplicar na maior central eléctrica solar do Mundo, nas minas de São Domingos, é cada vez maior, depois do Ministério da Economia (MEI) ter anunciado que a capacidade disponível para projectos de energia fotovoltaica está praticamente esgotada, não acomodando a capacidade prevista para este projecto.

Apesar de ainda manterem o interesse em investir neste projecto em Portugal, o Jornal de Negócios apurou que a La Sabina, sociedade promotora do Parque Solar de São Domingos, não está disponível para avançar para o projecto de investimento deste parque solar sem a contrapartida estatal para a remuneração da alimentação, alegando que o projecto é economicamente inviável sem subsidiação na tarifa.

Acho esta notícia tão bizarra quanto incoerente. Mas isto sou eu…

"Ausentei-me por 10 minutos. Volto já"

Já se percebeu porque razão António Costa andava tão silencioso e ausente.
Estava a pensar, muito e profundamente, na melhor forma de recuperar o negócio do Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança de Portugal, cuja anulação tinha sido a sua primeira acção como ministro de Estado e da Administração Interna.
Obviamente, que o subsecretário de Estado, Rocha Andrade assume pessoalmente a decisão da renegociação. Costa não se quer queimar. Por muito que a responsabilidade seja exclusivamente sua.
Esperava-se que, resolvido o imbróglio jurídico do negócio de 538 milhões de euros, o número 2 do Governo regressasse rapidamente e em força ao campo da luta política. José Sócrates agradecia.
Mas, não. O senhor ministro da Administração Interna, segundo o Público de hoje, foi de férias. Em época de fogos florestais. Como Fernando Gomes fez um dia.
O príncipe vai por um bom caminho, sim senhor...

Repto a Marcelo

José Medeiros Ferreira desafia aqui Marcelo Rebelo de Sousa a avançar contra Mário Soares nas eleições presidencias.
Pegando na descrição que Marcelo fez do ex-Presidente da República, o "velho porta-aviões, no passado domingo na RTP, o ex-ministro de Negócios Estrangeiros de Soares diz ao "patrulha em fabrico", ou seja, Marcelo, "avançe contra o velho porta-aviões, Homem!".
Marcelo está ansioso por dar o passo - tanto como um miúdo em busca de um gelado num dia de Verão. Mas a conjuntura não está a seu favor. Por muito que ele tente distorcer a mesma.
Não só Cavaco Silva estará presente no campo de batalha, como a direita nunca estaria unida em redor do ex-presidente do PSD.
E se o comentador passasse à acção? Aí é que teríamos de ouvir falar outra vez naquela personagem de "vaudeville" chamada Pedro Santana Lopes.

quarta-feira, julho 27, 2005

A família

O Manuel nasceu hoje. Tenho um novo primo com quem conversar, discutir, concordar, emocionar, chatear, ralhar, endeusar, chorar, rir, enfim, viver a vida todos os dias como se fosse o primeiro do resto das nossas vidas.
Querido primo, seja bem vindo!
Grande Beijo para a Di e um grande abraço para o nosso Roger.
PS - Querida Maria, não tenhas cíumes. Para mim serás sempre "a" princesa.

A credibilidade dos ambientalistas

Como é possível que em pouco mais de 1 ano, a opinião de uma associação ambientalista como a Quercus tenha mudado de forma tão radical no que diz respeito à construção da OTA? (informação obtida via Blasfémia que, por sua vez, obteve via Insurgente)

Onde antes se ouvia que "não só a construção desta infra-estrutura acarreta enormes impactes ambientais e se revela muito mais onerosa como será de difícil construção, dada a tipologia do solo e o biótopo de zona húmida aí existente" , hoje ouve-se que é a "única solução viável".

Onde antes se ouvia que "as faraónicas soluções de drenagem, de desvio das ribeiras da Ota e Alvarinho (com o recurso a uma barragem) e até o eventual terraplenar de um monte para garantir a funcionalidade da estrutura, mesmo com elevadas deficiências de funcionamento (é afirmado que a pista com maior qualidade de utilização é também a que mais incorre em risco de inundação), demonstram cabalmente que esta obra é completamente desajustada à localização pretendida"; hoje ouve-se que encerra alguns problemas, mas é a "solução menos má".

Será que Francisco Ferreira quer destruir a credibilidade da Quercus? Pode-se dizer que os ambientalistas já não têm muita - lembrem-se da nomeação de um ex-líder da Quercus para líder da famosa Fundação das Minas do Samouco; quer a criação da Fundação quer a nomeação do ex-dirigente foram ambas da autoria de José Sócrates.

Mas, enfim, espera-se sempre mais, muito mais, de pessoas que dizem defender os interesses do ambiente em Portugal.

Oh!, senhor Blair...

Desculpe-me o incómodo que não lhe provoco, mas... e a questão do Uganda, agora que se fala tanto na necessidade da instauração da Democracia em vários pontos do globo, porque não uma actuação eficaz com os seus peritos em alvos morenos e balística precisamente no território ugandês para acabar com a chacina do tal exército de libertação que não deixa viver ninguém em paz?

Já não falo numa intervenção como no Iraque, claro, coisa caríssima e não muito prática para ser reproduzida num curto espaço de tempo, mas uma coisa mais curtinha e rápida só para deixar o infeliz do presidente no activo poder copiar a nossa (civilizada) maneira de viver?

Já fez contas às crianças abatidas, estropiadas, abusadas e torturadas, precisamente no mundo em que o senhor e todos nós, os desenvolvidos, vivem?
Desculpe, sim? E não ligue muito ao texto que se segue, por favor. São, decerto, exageros de imprensa!
Outra coisa: não diga nada ao senhor Bush!

Repare, até nem me parece mal defendermos a nossa forma de vida; o discurso é que deveria - talvez, digo eu, o colonialista ignorante - ser coerente. Assim, os menos felizes de compreensão como eu, perceberiam melhor a sua ideia, certo?

Civilians are terrorized in attacks by the LRA.
If individuals are suspected of sympathizing with the government, the LRA uses brutal tactics such as cutting off of hands, ears or lips, to intimidate them.

Kony creates his army primarily through the violent abduction and forced enlistment of children. Children are used as soldiers, laborers and, in the case of girls, sexual slaves. More than 20,000 children have been kidnapped by the LRA.

terça-feira, julho 26, 2005

Isaltino dixit

"Sabendo o que sei hoje, teria mesmo resistido e não teria ido para o Governo. E mesmo quando saí, não teria renunciado ao meu mandato na câmara. Apenas renunciei para que se não dissesse que eu estava a impedir o avanço de qualquer investigação. Mas os oeirenses é que perderam e eu não gostaria de ver esta câmara nas mãos do PS, o que aconteceria se eu não fosse candidato, porque o PS apresentaria um candidato muito forte".
Se ainda havia dúvidas sobre a estratégia de apoio do PS e de Jorge Coelho a Isaltino Morais, o candidato independente à Câmara de Oeiras acabou de dissipá-las aqui.

Estagnação

A antevisão de um duelo Soares vs Cavaco é o melhor exemplo de deja vú político.

Até parece que em 10 anos nada mudou?

Será que esta é a verdadeira prova que como o país se encontra em estado profundo de estagnação?

Oh, senhor Jardim...!

Mas o que quer o senhor Jardim c0m esta história de mais autonomia?
Será que por um traço sinuoso do destino já existiam madeirenses na ilha quando os rapazes do Infante D. Henrique lá desembarcaram?
Se fala muito, ainda vamos ver o senhor Sócrates a anunciar com pompa e sem circunstância a realização de uma ponte para pulverizar essa ideia da Ota!
Repare, senhor Jardim: uma ponte que seria a maior do mundo, e quiçá do sistema solar(!), entre o continente e a ilha, não? Deste modo lá se iam os dinheiritos para o futebol insular, hem?
Oh!, senhor Jardim! Não leve a mal. Isto são ideias de um colonialista ignorante:eu!

Leituras III

Boa posta do DD. Chama-se "A Ternura dos 80". Aqui.

segunda-feira, julho 25, 2005

Este post não é para o João Morgado Fernandes

Para quem deseje saber mais sobre o aeroporto da OTA, visite este site

O Segundo Desporto Nacional!



Acaba o futebol e a nação deprime-se! Alguns, de férias, tentam consolar o desgosto, afogando-o em álcool. Os que trabalham acordam cansados, tristes, deprimidos… Não há bola… A pré-época no fundo é uma coisa sem interesse, é como ver um filme porno quando no fundo o que se precisa mesmo é de sexo… Não se pode discutir o campeonato com os amigos… A vida é injusta! Enfim, para 98% da população (nos quais, graças a Deus não estou incluído) a vida perde todo o interesse. Mas, não fossemos nós o povo reconhecidamente mais inventivo e com maior capacidade de iniciativa da Europa, de há uns anos a esta parte, resolveu-se toda esta questão! Inventou-se o segundo desporto nacional, que tem lugar precisamente durante o hiato de tempo entre épocas do campeonato nacional de futebol. Chama-se Fogonamáta!

O Fogonamáta é um jogo com regras muito simples e garante quase tanta audiência mediática como o próprio futebol, senão vejamos:

Por todo o país existem espalhados vários jogadores com a posição de bota-fogo (digamos, uns 416). Estes são essenciais ao jogo, pois depende da eficácia das suas acções que o jogo em si tenha mais ou menos interesse. Quando bem sucedido, cada bota-fogo terá ateado um ou dois incêndios de média ou grande dimensão numa dada região, que normalmente é a da sua área de residência. Caso falhe a sua missão, ou seja não consiga pegar fogo ou apenas provoque um pequeno fogacho, fácil de apagar, o jogador será sancionado e expulso da liga nacional de Fogonamáta. É por isso que todos os jogadores na posição de bota-fogo tentam dar o seu melhor. Outra penalização possível para os mesmos acontecerá caso seja descoberta a sua identidade. Neste caso procede-se a uma suspensão durante uma época, em que o jogador é condenado a treinar um ano inteiro a pegar fogo a lojas de bonsai podendo utilizar apenas fósforos dos pequenos e sem auxílio de qualquer carburante extra, como por exemplo a gasolina.

Posto o fogo, entram em campo os segundos jogadores, os chamados apagó-fogo, que o público, carinhosamente, apelida de bombeiros. Este grupo, bastante maior em número do que os bota-fogo, tem como missão no jogo apagar os incêndios provocados pelos primeiros. Trata-se de uma espécie bastante interessante, pois dada a sua fraca remuneração e facto de correrem risco de vida, continuam insistentemente a alinhar todos os anos no mediático Fogonamáta (o que atesta o sucesso desta modalidade). Para estes as regras também são simples; basta que tenham o equipamento mais obsoleto que se possa encontrar e o mínimo possível de ajudas do estado para poderem entrar no jogo. O objectivo dos apagó-fogo é sofrer o mínimo de baixas apagando o fogo no menor espaço de tempo possível. Dadas as condições precárias em que desempenham a sua função e os elevados riscos envolvidos na mesma, estes são normalmente muito apreciados pelos adeptos deste jogo, chegando mesmo a atingir o estatuto de heróis (se bem que os mesmos adeptos, ou pelo menos a maioria, se está completamente nas tintas para dar qualquer espécie de apoio prático ou concreto aos mesmos, parecendo que consideram os aplausos e umas frases bonitas o suficiente para o efeito).

Os terceiros e últimos participantes têm um papel mais passivo. No entanto a sua função não deixa de ser fundamental para o desenrolar do Fogonamáta. São eles as forças nacionais de segurança e a classe política. Ambos têm duas funções no jogo. A primeira é mediatizar com alguma regularidade uns discursos de motivação aos apagó-fogo, mostrado algum interesse pelo seu trabalho e dando a ilusória esperança de que o mesmo vale a pena. Nesta acção cabem ainda umas promessas para o futuro que, por razões óbvias, nunca são cumpridas. A segunda é garantir a protecção e segurança dos bota-fogo, pois ao longo do jogo é natural que (como acontece com os árbitros no futebol) a população interprete as suas acções como erradas e lhes queiram fazer a folha. Ora o estado tem de garantir que estes jogadores cumpram a sua parte em segurança, pois são jogadores muito caros e com um know-how e uma determinação que os tornam preciosos. Até porque a sua extinção significaria o fim da própria modalidade e portanto uma grave crise no sector dos media durante o período do Verão, o que, vamos lá ser honestos, não interessaria a ninguém. E é isto o Fogonamáta, o segundo grande fenómeno português a seguir ao futebol!

PS – A mim e à minha família já arderam algumas propriedades, das quais dependiam rendimentos importantes. Aos bombeiros deste país deixo um obrigado sincero pela sua coragem e determinação e faço votos para que num futuro próximo lhes sejam dadas as condições e o reconhecimento REAL que merecem. Aos incendiários deixo aqui uma mensagem de ódio pessoal, desejando apenas que se não arderem por cá num dos seus próprios incêndios, acabem por arder nutro sítio a que muitos chamam de inferno!

Contra-resposta a João Morgado Fernandes

Confesso que, depois de ler a resposta do João Morgado Fernandes (JMF), continuo estupefacto com os argumentos utilizados. A carreira de jornalista de JMF merece-me respeito, e, precisamente por isso, a minha incredualidade permanece.

Seja como for, aqui está a minha contra-resposta:

1 - Começando pelo menos importante. Na questão do alargamento escrevi sempre sobre o sub-lanço de Aveiras/Santarém. Nunca sobre o sub-lanço Alverca/Aveiras. Este já tinha três faixas em 2001. O de Aveiras/Santarém só passou a ter três faixas a partir deste ano. No entanto, ambos poderão necessitar de um alargamento para quatro faixas, por causa do aeroporto da OTA.

2 - Confesso-te, João, que me impressionou, desculpa a redundância, o ataque que fizeste à ciência. Afirmar que os "argumentos técnicos se destinam a sustentar uma tese prévia" e que, na questão da OTA, "a ciência é posta muito rapidamente ao serviços das convicções", é uma falácia dantesca que só poderia provir - caso eu não soubesse antecipadamente, por muito que não te conheça, que não provém - de radicais. Em temáticas como o aborto, já se ouviram argumentos semelhantes a fundamentalistas religiosos.

3 - Aliás, João, quem escreve a seguinte frase és tu, não sou eu: "prefiro, por isso, ficar-me pela apreciação da espuma da decisão política. E, face às indecisões de décadas, confio nas decisões do presente. E volto a insistir - confio porque decidi confiar e não por ter feito qualquer estudo sobre a matéria". A tua legítima "confiança nas decisões do presente" quase que se assemelha a uma fé.

4 - Lamento João, mas no meu caso não há nenhuma "tese apriorística". Por acaso, e só para que saibas, no início da discussão quase clubística "Rio Frio/OTA" até era a favor desta última. Mudei de opinião depois de ter lido e falado com técnicos que me demonstraram, de forma fundamentada, o contrário.
Além do mais, caso tu não tenhas lido, eu sou a favor da construção de um novo aeroporto internacional de Lisboa. Do que discordo é da localização na OTA e do "timing" do anúncio.
Desculpa, João, não "confio" como tu. Tens o direito de ter decidido em confiar. Mesmo que seja cegamente. Tal como eu tenho o direito de não confiar.
No que diz respeito à localização, já expliquei porquê. Quanto ao "timing" porque, em primeiro lugar, ainda não foram concluídas as negociações sobre as perspectivas financeiras da União Europeia - logo, não sabes o volume dos apoios que poderás receber da UE.
Depois, meu caro, o país vive uma situação difícil em termos orçamentais. Ainda não vi fundamentados - como tu ainda não viste, apesar da "confiares" - por "A" mais "B" como é que o crescimento da economia portuguesa será promovido com a OTA. Ou seja, como é que os mais de, para já, 3 mil milhões de euros vão ser rentabilizados. Isto é, como é que a OTA exponenciará o crescimento económico.

5 - Não podes basear a construção de um aeroporto noutra coisa que não os estudos dos técnicos das diversas engenharias em causa. A não ser que desejes que os investimentos de milhares de milhões de euros sejam decididos, simplesmente, por molhar o dedo indicador, pô-lo ao vento e decidir: "sim senhor, não há vento. Pode ser aqui".

6 - Falas em teorias conspirativas sobre a OTA. Parece-me que te enganaste no destinatário. Mas, já agora, agradecia que me dizesses onde está a minha tese de cabala.
Será conspirativo escrever, ironicamente, que as empresas de construção cívil adorarão obras como a OTA, não só pela sua dimensão orçamental como também pelas dificuldase geológicas e hidrográficas inerentes ao próprio projecto? Se achas isso conspirativo, faz-me um favor: descobre uma grande empresa de obras públicas portuguesa que seja contra a OTA ou o TGV? Se conseguires descobrir, tens uma notícia.

7 - Mas, sinceramente, o mais grave é quando escreves que dispensas de "sequer de tentar ler os famosos estudos". Confesso-te que a tua confiança cega, perturba-me. Ler que um jornalista prefere viver na ignorância, porque "confio nas decisões do presente", é extremamente perturbador.
Não estão em causa convicções ou opiniões políticas. Essas, sejam elas quais forem, são legítimas. Não é isso.
O que me perturba é que tu prefiras viver na ignorância, porque "confias no presente". Fazes-me lembrar os cavaquistas anónimos da primeira metade dos anos 90 que não queriam saber dos monstruosos desvios financeiros da construção das novas auto-estradas, porque, precisamente, "confiavam no presente".

8 - Só para terminar, aconselho a leitura deste artigo, publicado no "Diário de Notícias".

Os melhores cumprimentos

Leituras II

"A compra de 30% da sociedade que controla a TVI pelos espanhóis da Prisa é o culminar de um processo de que muita gente sai mal vista. Em primeiro lugar, a Autoridade de Concorrência, que adiou, para lá do admissível, o parecer sobre a venda da Lusomundo a Joaquim Oliveira - e que agora lhe dá luz verde para melhor fazer passar na opinião pública esta nova operação; em segundo, o Governo, que manifestamente queria que a Prisa tivesse uma presença nos media em Portugal e que jogou com a Autoridade de Concorrência; e, em terceiro, Miguel Paes do Amaral, que depois de ter vendido dois mais antigos títulos económicos do país ("Semanário Económico" e "Diário Económico") aos espanhóis da Recoletos, vende agora também a espanhóis a estação qie, de momento, é líder das audiência. Paes do Amaral confirma-se como um mero investidor financeiro apátrida no sector dos media. Bem pode mudar o seu título para Conde de Anadia... e Vasconcelos"
Nicolau Santos in "Expresso - Caderno de Economia"

Leituras I

"Já que é conde, foi coerente ao transferir para Espanha, que é uma monarquia, o controlo da TVI. Agora que aderiu ao clube, presidido por Diogo Vaz Guedes, dos portugueses que venderam os activos a Castela, vai com certeza ficar com mais tempo livre para se dedicar às corridas de automóveis. Por supuesto!"

Jorge Fiel, in "Expresso - Caderno de Economia"

15 dias mudam muita coisa

Sabiam que o novo ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, 15 dias antes de tomar posse, tinha sido vetado pelos accionistas privados para a presidência executiva da Portugal Telecom? Sabiam que Mário Lino, ministro das Obras Públicas com a tutela da PT, foi quem sugeriu o nome de Teixeira dos Santos?
Não admira, portanto, que o sucessor de Campos e Cunha apoie a OTA e o TGV, os principais projectos de Lino.
A razão do veto prendeu-se com a "excessiva" ligação ao partido governamental, o PS.
Eis mais uma prova de como o poder económico manda mais que o poder político.
Não deixa de ser desprestigiante para o Estado que um homem que foi alvo de veto para líder da maior empresa portuguesa, seja convidado para ministro das Finanças do Governo português.
Embora com atraso, não deixo de desejar a melhor sorte a Fernando Teixeira dos Santos.

Leituras

Bom post este . Demonstra como a esquerda portuguesa vive agarrada a conceitos do século passado que já não fazem sentido.

domingo, julho 24, 2005

O som do Outono presidencial

Viu-se ontem no discurso 'necessário e condoídamente correcto' do senhor Presidente da República a imagem da desistência, mesmo quando ele nos diz que vai ficar atento ao futuro!
Estava condoído e solidário com uma desgraça que lhe passa, verdadinha!, muito longe, mas não chegou a exercer o direito de pedir responsabilidades pelos terríveis acontecimentos dos últimos dias em Portugal. Vi a sua face e percebi quanto o cansaço da sua impossibilidade lhe pesa nesta altura da sua vida. A ética que sempre se recusou a abordar está a virar-se contra si, e existem poços de onde não é nada fácil sair.
Muita saúde, senhor Presidente!

Adoração

Sabe-se que os mais velhos devem contribuir com a sabedoria acumulada durante uma vida para o bem dos que se lhes seguem.
Só é benéfico para a comunidade. E assim é, especialmente, se existe um consenso nessa comunidade relativamente ao que lhe é vital ou não.

Não há que ter qualquer medo de posições unânimes em volta do que é importante. Só não gosta de unanimismos pontuais quem tem a consciência pesada ou medo que o seu pé lhe possa fugir para a chinela - errada!

Porém, e no momento presente, em Portugal parece haver um ponto de contacto no 'acto de adoração' aqui representado e o atirar a toalha ao chão por parte de quem não conseguiu descobrir outros caminhos, para não falar do fundamental ar novo que infelizmente não apareceu no desenvolvimento de um '25 de Abril' cada vez mais mitológico e por isso mais perigoso para os seus 'utilizadores', como se costuma dizer em gíria informática.
Adoração dos Magos
Bento Coelho da Silveira, 1620-1708
c. 1655, óleo sobre tela, 123 x 100 cm
Museu de S. Roque, Lisboa, Portugal

sábado, julho 23, 2005

Inacreditável!

Continua a ser inacreditável o que se está a passar com os incêndios do centro do País.

Portugal começa a dar mostras de estar sem capacidade de regeneração.
A falta de consenso entre os portugueses de maior responsabilidade natural é um facto provado. Parece não se entenderem e o resultado do que é importante para o país está à vista de todos.

Ai, que a paciência do 'chinês', ou do 'português', não é importante para o caso, começa a esgotar-se; e se a 'pretensa democracia portuguesa' já não tem meios para fazer andar o comboio, o perigo começa a enviar o aroma da catástrofe, agora iminente.

Este é um discurso que detesto, tão catastrófico que me agonia, mas será que o sono se vai prolongar até ao final do Verão?

Cuidado, 'comandantes'...!

!!??

"A suprema mentira com que nos podemos deparar nas nossas vidas é a mentira estatística; e a mentira estatística é normalmente elaborada por economistas"

Helmut Schmidt

sexta-feira, julho 22, 2005

Speechless

A resposta do João Morgado Fernandes ao post aqui em baixo, deixou-me sem palavras. Ainda não sei o que diga. Os argumentos utilizados são tão inacreditáveis que vale a pena citar na íntegra para o leitor apreciar:

"Olhe... ponha-me isso num estudo
[Resposta ao Milhafre, obviamente sem qualquer intenção de descredibilizar.]
Ia jurar que a A1 já tinha três faixas até Aveiras (ou seria Carregado?) antes de 2001. Porém, para o confirmar, teria de ler uns estudos ou, no mínimo, consultar o Google. Mas estou sem tempo e, confesso, paciência.Quanto aos estudos tenho um problema: nunca sei quais ler - os que são a favor, ou os que são contra.Ponham dois cientistas, engenheiros, especialistas, seja o que for, a discutir a Ota ou o TGV e verão como muito rapidamente desatam a esgrimir com mais violência que qualquer político. Verão ainda como todos os argumentos técnicos se destinam a sustentar uma tese prévia. Ou seja, como a ciência é posta muito rapidamente ao serviço das convicções. Quase uma fé. Temos, assim, os media pejados de cientistas que são pró e contra o nuclear, especialistas que são contra e a favor da co-incineração, da fertilização in vitro, do aborto, da regionalização, do combate ao terrorismo...Uma das consequências da hipermediatização em que vivemos é que a ciência, os estudos, não só deixaram de ser o território neutro por excelência, como passaram a ser ele próprios os principais protagonistas das polémicas. Insisto: relatórios, estudos, especialistas, são hoje apresentados apenas para confirmar teses apriorísticas e só muito raramente para esclarecer ou ajudar a decidir. Exemplo acabado disso são os famosos pareceres jurídicos, sempre feitos à medida da encomenda. Com a Ota e o TGV passa-se exactamente a mesma coisa, pelo que me dispenso sequer de tentar ler os famosos estudos. Leio opiniões e nenhuma delas é equilibrada - cada um colige os dados que mais se colam à sua ideia preconcebida. Tão simples como isso.E é por isso que não tenho opinião sobre a Ota e o TGV. Não é por preguiça. Aliás, se quisesse ter opinião, seria fácil - faria como toda a gente. Primeiro, decidia de que lado queria estar, depois arranjava uns números que confortassem essa opção. Prefiro, por isso, ficar-me pela apreciação da espuma da decisão política. E, face às indecisões de décadas, confio nas decisões do presente. E volto a insistir - confio porque decidi confiar e não por ter feito qualquer estudo sobre a matéria. Aliás, desconfio que se fizesse um estudo ele dar-me-ia inteira razão... Há, porém, um aspecto quase trágico, porque cómico, em toda esta questão do TGV e da Ota. É a teoria da conspiração levada para lá dos limites do razovável. Há um ministro que se demite por causa da Ota (!), há um partido que obriga o seu Governo a fazer a Ota (!!) devido, é claro, aos mais inconfessáveis propósitos... - como se isso não estivesse no programa eleitoral... - e andamos todos muito entretidos a dar razão a uns e a tirar a outros. Porque, de fonte muito segura, topámos tudo o que se está a passar. Pudera... está tudo estampadinho num estudo".
www.terrasdonunca.blogspot.com

Resposta a Morgado Fernandes

O João Morgado Fernandes resolveu provocar-me. Utilizando uma técnica de descredibilização conhecida, pegou num pormenor dos três post's "Quando as OTA's são o problema", atacou-o, usando o sarcasmo e a ironia, pensando que, com isso, retirava credibilidade a tudo o que escrevi sobre a localização do novo aeroporto internacional de Lisboa.

Lamento, João, mas não tiveste sucesso.

Primeiro, porque, sinceramente, dúvido que tenhas lido os meus três post´s. Leitor do teu blogue, constatei há pouco tempo que és um pouco preguiçoso em termos de leituras técnicas. Não te queres chatear com coisas chatas que tenham a ver com o TGV, por exemplo. Preferes a ignorância. Com a OTA deduzo que tenhas o mesmo sentimento. Estás no teu direito, claro.

Sabes que, às vezes, não é preciso ser engenheiro para leres estudos sobre o TGV ou sobre a OTA. Para os fazer é fundamental ter passado uns 4/5anos no Instituto Superior Técnico, mas para ler não. Basta querer obter esses mesmo estudos - tu, por exemplo, como jornalista podes pedi-los no Ministério das Obras Públicas -, pegar neles e tentar decifrar o que está lá escrito. Quando não conseguires, fazes uma coisa simples: pegas no telefone e falas com engenheiros que te ajudem a decifrar as partes mais técnicas.

Ao longo de três anos como jornalista, acompanhei a área das Obras Públicas. Nessa altura, tive a oportunidade de ler alguns dos estudos feitos sobre a OTA e falar com especialistas do sector aeronáutico. Concederás que fui acumulando alguma informação.

Essa informação que recolhi é a base dos meus três post's.

Lamento que prefiras achincalhar, em vez de discutir de forma séria a escolha da OTA.

Mas só para teu conhecimento, porque sei que poderás não ter tempo para procurar essa informação, a Brisa está obrigada pelo contrato de concessão, como se pode ler aqui, a alargar os sub-lanços de duas para três faixas caso o Tráfego Médio Diário (TMD) ultrapasse os 35.000 veículos, sendo obrigatório o alargamento de três para quatro faixas caso o TMD alcançe os 60.000 veículos. As obras terão que ser feitas com dois anos de antecedência.
Como tu referes, já houve um alargamento, concretizado este ano, de duas para três faixas no sub-lanço Aveiras de Cima/Santarém.

Quando referi a duplicação da A1 tinha como referência um estudo de 2001, quando a A1, nesse sub-lanço, só tinha 2 faixas. Logo, a duplicação de que falei seria para 4 faixas em cada sentido. Ou seja, 8 no total. Tendo em conta que estamos a falar de um aeroporto que iniciará a sua actividade com uma capacidade para 14 milhões de passageiros/ano, podendo ir até à capacidade máxima de 30 milhões de passageiros/ano, convirás que a barreira dos 60.000 passageiros de TMD será facilmente ultrapassada.

Como tu sabes, o Governo de Barroso congelou o investimento na OTA, logo não foram feitos mais estudos. Espero que agora seja feito esse up-grade, que tu os peças para ler - eu irei concerteza pedi-los - e que se chegue - o que não acredito - à conclusão de que a OTA é uma péssima opção.

Os melhores cumprimentos

O regresso dos sobreiros

Aquando do caso Portucale, muitos (re) descobriram o significado dos sobreiros e do seu montado característico que marca a paisagem de algumas zonas Portugal.

Uma pequena ironia: sabiam que a implantação do aeroporto da OTA levará à eliminação de de 2.480 a 5.406 sobreiros? Sabiam que a NAER - empresa pública fantasma criada em 1998 para organizar o concurso de construção - ou o consórcio construtor do novo aeroporto não estão, para já, obrigados a replantar os sobreiros abatidos?

Se não acreditam, leiam o Estudo de Impacte Ambiental disponível aqui.

Mais uma extravagância urbanistica

Os problemas da Marina da Barra, extravagância defendida por Ribau Esteves, presidente da Câmra de Ílhavo, bem descritos aqui.

O Incompetente

"Provavelmente o país mais incompetente do mundo", poderá ser esta a frase que o ICEP poderá tentar usar, depois de nada de especialmente interessante ter resultado das campanhas, caras e algumas mal-amanhadas, com que até aqui tem confrontado o mundo 'lá de fora' sempre que pretende vender a marca Portugal aos potenciais investidores.

Não conheço lugar algum da Europa ou do Mundo onde se assista com ar mais incompetente e criminoso aos inqualificáveis incêndios que diariamente voltam a destruir o nosso interior, a nossa estabilidade emocional, o nosso equilíbrio como cidadãos e, por fim, a nossa capacidade de darmos a volta, de construirmos a tal riqueza que, e cada vez mais, se nos torna vital.
Desde já assumo que escrevo isto manifestando a minha incompetência.
Sim, sou incompetente. Só um incompetente poderia escrever estas linhas e ao mesmo tempo participar por omissão em acções tendentes a descobrir os verdadeiros criminosos e quem poderá estar por detrás do 'holocausto da floresta portuguesa'.
Até o próprio Deus seria incompetente, por falta de meios, no intento de atear tantos e estratégicos fogos num território magrinho, como é o de Portugal.

Que se vá observando, haverá, decerto, assassinos em terra e (porque não) no ar que, encapotadamente e com ar de quem cumpre um horário de trabalho, vão deitando fogo ao que eu costumo designar por território português.

Pergunto: se tantos ministros se vão por impedimentos psicológicos e indução jornalística, porque não pedir responsabilidades de forma verdadeiramente séria, com o objectivo-mínimo de perceber a verdadeira falta de prevenção e 'sensível buraco negro' na explicação para a razia incendiária que se vive neste pequeno território, hoje também pequeno de mentalidades?
Estará também aqui o 'politicamente correcto' a servir de mortalha a Portugal!

Em Espanha, e no azar que foi o incêndio de Guadalajara, já o suposto prevericador 'por incúria', parece, está prestes a ser julgado e pode apanhar cerca de 20 anos de prisão efectiva. Falo de um acidente, enorme, mas de um acidente. Nada a ver com o 'centro comercial dos incêndios' - made in Portugal. Nós só precisamos de um sindicato que proteja os incendiários, nesta altura profissionais, com horário de trabalho e regalias, enquanto houver uma árvore para queimar.

E aqui? O que se passou nos últimos anos, relativamente a acções? Ouviram falar de algo? Também ouvi, mas só... ouvi!
Até nem foi no Verão, falou-se ainda o tempo estava frio, e isso aconteceu a seguir à primeira grande inauguração incendiária, penso que por volta de 2003.
Depois? Tudo entrou na normalidade e toda a gente ficou a saber que, com sorte, até poderemos explorar os incêndios em Portugal como fenómeno para turista ver, no próximo ano de 2006. Se ainda existir Portugal!

Enfim, só um problema de incompetência agudíssima, mas também de ignorância para com a vida e consequentemente falta de respeito total para com a sua espécie, portanto, maldade, poderia ter dado origem a um país que consome um problema desta dimensão, no século XXI.

Não deveria ser permitido juntar mais que uma percentagem razoável de incompetentes em lugares de responsabilidade acrescida e visível para a comunidade e para o resto do mundo, no mesmo lugar, com o mesmo sistema político, leis, etc., porque, dizem as estatísticas, poderá conduzir qualquer povo a resultados dramáticos.
Vejam só o resultado que deu a qualidade do ajuntamento dos últimos anos, num lugar chamado Portugal!

quinta-feira, julho 21, 2005

Perversidades

O DD acha que Luís Campos e Cunha devia ter ficado no seu posto, caladinho, obedecendo às ordens de José Sócrates. JPH vai mais longe e escreve que Campos e Cunha não queria aplicar o programa do Governo - do qual constam os investimentos na OTA e TGV - sufragado pelo povo, como, aliás, "já o tinha feito com o aumento do IVA" (sic).

O facto de JPH responsabilizar o ministro das Finanças pelo aumento do IVA e não o primeiro-ministro, que foi quem fez a promessa do contrário durante a campanha eleitoral, é de uma desonestidade intelectual brutal.
Quem se comprometeu com o eleitorado foi José Sócrates, não Luís Campos e Cunha. Logo, é ao líder do PS que pode ser assacada essa incoerência.
Mas, o pior de tudo, é que DD e JPH - ao contrário do que o João Pedro escreveu, os dois têm a mesma opinião - defendem que o ministro das Finanças não deve ter pensamento autónomo.
Tenho a certeza que vão ficar muito bem servidos com Fernando Teixeira dos Santos.
A lógica de DD e de JPH é perversa.
Deduzo que os dois tenham criticado José Sócrates por não ter cumprido a promessa de não subir impostos. Além de faltar à palavra dada, o argumento do líder do PS que não conhecia a real situação do deficit orçamental não colheu. Deduzo que DD e JPH não "comeram" a desculpa, precisamente porque o deficit elevado já era conhecido e também porque a a situação orçamental é complicada.
Foi em nome de um combate eficaz ao deficit orçamental que Luís Campos e Cunha defendeu um aumento da "qualidade" do investimento público, defendendo uma descida sustentada da despesa do Estado, mesmo na componente "investimento".
Não se pode críticar Sócrates por não cumprir a promessa, constatar que a situação orçamental é complicada e depois criticar Campos e Cunha porque se demite a propósito do primeiro-ministro não apoiar as suas ideias de combate ao deficit orçamental.
Luís Campos e Cunha demitiu-se porque se manteve fiel ao seu pensamento sobre as finanças públicas. Não se pode pedir às pessoas que traiam aquilo em que acreditam para não criar instabilidadde. O professor da Nova não está obrigado a cumprir as promessas eleitorais de José Sócrates. Por isso é que o primeiro-ministro é eleito e os ministros não.
No Conselho de Ministros, Luís Campos e Cunha votou contra o Programa de Investimentos em Infra-Estruturas Prioritárias. Foi derrotado. Demitiu-se.Uma acto coerente com o seu pensamento sobre as finanças públicas. Não se pode obrigar os ministros a manterem-se nos cargos quando não concordam com o caminho imposto pelo primeiro-ministro para as respectivas áreas.
O pior para nós, cidadãos eleitores, é que Luís Campos e Cunha tem razão. E não José Sócrates.

Quando as OTA's são o problema - parte 1

O ministro das Obras Públicas, Mário Lino, assumiu ontem no Parlamento que a "localização da OTA é mais vantajosa como alternativa à Portela", fundamentando a sua opinião com razões ambientais. O ruído do actual aeroporto de Lisboa foi a principal razão apresentada.
Lino garantiu ainda que irá avançar com pequenos trabalhos preparatórios da grande obra pública chamada aeroporto internacional da OTA, como drenagens do terreno, expropriações e desvios de linhas de alta tensão.
O que serve para dizer que não há nada a fazer: a OTA está escolhida, a OTA escolhida está.
É um erro colossal. E explico porquê.
Não ponho em causa a necessidade de uma nova infra-estrutura aeroportuária. A Portela não irá além de 2015/2020. Logo, é preciso planear o futuro. Mas com a opção da OTA tal não é feito. Pelo contrário.
1 - A zona para onde está planeado construir esse mamute branco não permite a edificação de mais de duas pistas. Leram bem. Não é gralha. São mesmo 2 PISTAS. E depois?, perguntam os pessismistas.
E depois não haverá qualquer hipótese de expansão. Ou seja, a capacidade máxima de 30 milhões de passageiros/ano da OTA será alcançada em 15/20 anos, sendo certo que ao fim desse tempo terá que se construir outro aeroporto. O Governo de Sócrates prepara-se para avançar para um investimento de mais de 3.000 milhões de euros que permitirá construir uma infra-estrutura que terá, no máximo, 20 anos de vida.
Basta dizer que o aeroporto de Barajas, nos arredores de Madrid, tem previstas obras de expansão e construção de novos terminais que permitirão receber 90 milhões de passageiros/anos. E sabem porquê? Porque a área onde está situada a infra-estrutura permite, geograficamente falando, essa expansão. A OTA não.
(As empresas de obras públicas aplaudem a OTA, pensado já no aeroporto sucessor)
2 - A zona da OTA tem também problemas ao nível dos solos, por causa das bacias hidrográficas da bacia do Alvarinho e da bacia da OTA. O que obrigará a uma movimentação de terras, segundo especialistas, que poderá chegar aos 50 milhões de metros cúbicos terras. Ou seja, cerca de quatro vezes mais do que os actuais números do país.
(Os empreiteiros esfregam as mãos de contentes com o volume de negócios que a construção do novo aeroporto poderá gerar. Os cofres do Estado ficarão ainda mais vazios, porque esta obra, com a localização da OTA, custará certamente muito mais que 3 mil milhões de euros).
3 - Os acessos ao novo aeroporto também poderão elevar o custo da construção. Pela simples razão de que terão que ser construidos a uma cota de cerca de 30 metros, sobre lodos, argilas e areias argilosas do leito das ribeiras.
(Os empreiteiros ficam histéricos. Os seus olhos parecem cifrões)
4 - A auto-estrada do Norte terá que ser duplicada naquela zona. Qualquer leitor que conheça a A1 naquela zona, sabe que estamos a falar de um terreno acidentado. Há espaço? Quanto custará? Alguém já fez o estudo de construção?
(A Brisa junta-se aos empreiteiros que, aos saltos de felicidade, não notaram a chegada do novo parceiro)

Quando as OTA's são o problema - parte 2

5 - José Sócrates não irá animar a economia com a OTA. Irá levar as empresas de obras públicas ao êxtase e promoverá o crescimento espectacular de um sector de actividade estagnado, eternamente dependente do Estado e do volume de obras públicas, e que, em vez de apostarem na internacionalização, preferem continuar dependentes do mercado nacional.

6 - Há uns anos atrás li um estudo comparativo de empresas de obras públicas portuguesas e espanholas. A conclusão era lapidar: tendo em conta o PIB de cada país, as empresas públicas portuguesas estavam claramente sobredimensionadas para o mercado português.

Sabem porquê? Porque o Estado não pára de lhes dar OTA's.

Quando as OTA's são o problema - conclusão

Portugal vive dias difíceis.
Ao contrário dos inúmeros pessimistas que residem neste rectângulo à beira mar plantado - com todas as vantagens daí inerentes -, não penso que estejamos destinados a um fim trágico, sem apelo nem agravo. Nada disso.
Acredito profundamente que, apesar de rezingões e mal-humorados, os portugueses serão capazes de dar a volta por cima. Como invariavelmente deram ao longo de mais de 800 anos de história. Nao penso que o caminho necessário para aí chegar passe pela OTA. Nem de perto, nem de longe.
É um péssimo sinal, ao fim de apenas 4 meses de Governo, que José Sócrates se agarre à OTA para recuperar a economia.
(O TGV é conversa para mais tarde)
É importante estudarmos uma nova localização para um novo aeroporto, cuja construção só poderá ser anunciada depois de concluídas as negociações sobre as perspectivas financeiras da União Europeia - porque o financiamento dessa obra depende, em larga escala, dos fundos europeus.
Portugal não se pode dar ao luxo de desperdiçar mais de 650 milhões de euros - que é o valor que está orçamento para a OTA no Programa de Investimentos em Infra-Estruturas Prioritárias e não o valor real de 3 mil milhões de euros - em mais estudos e trabalhos preparatórios da construção do futuro aeroporto, como já foi admitido pelo ministro Manel Pinho.
Os recursos do Estado português não são ilimitados. A "qualidade" do investimento público reclamada por Luís Campos e Cunha é um imperativo nacional. Por não ser este o melhor momento das contas públicas, e por ser possível aguentar até ao fim da legislatura sem avançar com um sucessor da Portela, sou contra a construção do novo aeroporto da OTA.
Quando os recursos financeiros do país permitirem, terá que ser estuda uma nova localização para o futuro aeroporto internacional de Lisboa. Essa localização será, obrigatoriamente, como se passa na esmagadora maioria das cidades europeias, fora da capital.
Entre a Serra dos Candeiros e Vila Franca de Xira, seja na margem norte, seja margem sul do rio Tejo, não acredito que não exista uma localização viável sob o ponto de vista técnico e financeiro. E muito mais barata que a OTA

Corridas e azares

Hoje tive um amanhecer azarento. Ia eu descansado a caminho da minha padaria de Campo de Ourique quando vejo uma comitiva do PS/Lisboa à porta de uma pastelaria.

"Mau! Queres que ainda vou apanhar com a babicha e o seu candidato", pensei eu para os meus botões.
Tive meia sorte. A Bárbara tinha ficado em casa. Para desilusão da senhora da papelaria, histérica para vé-la.

Por muito que o meu "bom dia" fosse apressado, alguns dirigentes socialistas não me largavam. "Então, não quer ir dar o seu apoio ao candidato Manuel Maria Carrilho?", perguntaram-me provocatoriamente. Talvez querendo ouvir a minha resposta, pouco diferente da que tem sido dada na rua pelos restantes lisboetas. "Não, obrigado".

Mal virei as costas, a caminho do pão fresco, aparece-me a senhora ministra da Cultura a correr sem fato de jogging, mas com mala , saltos ligeiramente altos e correspondente bijuteria verde alface. "Queres ver que é mais um a correr para fora do Governo...", ainda questionei, esqueçendo-me dos meus anteriores interlocutores.

Afinal, não são só os lisboetas que correm de Carrilho. Também a sua sucessora, uma portuense dos sete costados, o quer ver a milhas...

quarta-feira, julho 20, 2005

Enfim... chegámos ao Brasil!






Motim em prisão de Leiria fez seis feridos
Um motim no Estabelecimento Prisional de Leiria (antiga prisão-Escola) causou distúrbios durante todo o dia e só ficou controlado cerca das 17:00, após confrontos que causaram seis feridos, disse fonte dos Serviços Prisionais.
Diário Digital

A prova de que estamos a andar para trás.
Os nossos parceiros europeus parecem não ter acesso a estes filmes sul-americanos. Por cá vamos observando o produto da incúria e da incompetência! São muitos anos a andar para trás, digo eu.
Responsáveis? Férias?

Assim não vamos lá!

O seguidista chega a ministro

Fernando Teixeira dos Santos é um seguidista.
Nunca terá a autoridade moral e técnica de Luís Campos e Cunha. Limitar-se-á a obedecer às ordens de José Sócrates, sem autonomia e sem a credibilidade do seu antecessor.

Arrisco mesmo a dizer que o ex-presidente da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários e candidato vetado à liderança executiva da PT não chegará ao fim dos 4 anos de mandato.

Alberto Castro, professor da Universidade Católica do Porto, apreciado pelos apoiantes de Sócrates no Norte, terá mais uma oportunidade de chegar ao Terreiro do Paço.
Mas fica a pergunta: Alberto Castro terá sido sondado antes de Teixeira dos Santos?

Campos e Cunha it´s not dead - epílogo

É o primeiro grande exclusivo dos "Pássaros". Antecipamos ali em baixo, no domingo passado, o nome de Fernando Teixeira dos Santos como sucessor de Luís Campos e Cunha como ministro das Finanças.

Como sou optimista, não acreditei numa ruptura a curtissímo prazo. Afinal, bastaram três dias para Campos e Cunha perder a paciência e pedir a demissão. Alega razões pessoais, familiares e cansaço. Esta última é a que deve ser realçada, visto que as restantes são apenas oficiosas.

Certamente que as declarações do ministro das Obras Públicas, Mário Lino, sobre a "inadiabilidade" da OTA e do TGV não serão estranhas à decisão do professor da Universidade Nova. Lino desmentiu e afrontou em público um superior hierárquico. Não nos esqueçamos que Campos e Cunha era ministro de Estado e das Finanças, sendo o número 4 do Executivo. O ministro das Obras Públicas costuma sentar-se nos extremos da bancada do Governo no Parlamento. É um subordinado.

Em política os formalismos e os simbolismos são fundamentais. É através deles que a autoridade política se constrói.

José Sócrates não só não defendeu o seu ministro das Finanças, como ignorou-o olimpicamente. Preferiu elogiar Freitas do Amaral e a entrevista do ministro dos Negócios Estrangeiros ao "Diário de Notícias".

É uma opção. Legítima. Mas que lhe sairá caro. A competência técnica de Campos e Cunha, apreciada em Bruxelas, é quase inatingível.

Campos e Cunha fez bem em sair. Não podia deixar que a sua autoridade fosse posta em causa por subordinados. Mas o professor da Nova não deixará de dar o troco a José Sócrates durante o resto do mandato do Governo. Preparem-se para mais artigos de opinião que condicionarão a actividade do seu sucessor.

A vingança será servida fria.

terça-feira, julho 19, 2005

Uma bicada...

Ser independente da opinião pública é a primeira condição formal para realizar qualquer coisa grandiosa ou racional, tanto na vida como na ciência. Com o tempo, este feito será seguramente reconhecido pela opinião pública, que na altura conveniente o transformará em mais um dos seus preconceitos.

Georg Hegel, in 'Filosofia do Direito'

O príncipe anda desaparecido

Depois do recuo na extinção do sub-sistema de saúde das forças de segurança, os dirigentes “sindicais” aumentaram a violência das suas ameaças. Como se viu pela nova greve de zelo de mais de 10 dias e pelas ameaças de bloqueio da Ponte 25 de Abril.

O que me leva a perguntar: que é feito da autoridade do “mad dog” António Costa? Será que o facto inédito dos polícias ameaçarem bloquear a principal ponte do país não justifica uma aparição pública do príncipe do XVII Governo Constitucional?

Aliás, por onde anda o ministro da Administração Interna, numa altura em que os os fogos continuam a alastrar pelo país fora? Será que foi de férias como Fernando Gomes fez em 2000? Espero que não tenha feito como o actual administrador da Galp, que utilizou um helicópetro do Serviço Nacional de Bombeiros...

segunda-feira, julho 18, 2005

Campos e Cunha it´s not dead - conclusão

Ao afrontar de forma pública o primeiro-ministro José Sócrates, Luís Campos e Cunha está a começar a preparar a sua saída. Discordâncias de fundo quanto às prioridades, ou utilizando uma palavra do ministro das Finanças, quanto à "qualidade" do investimento público, não são compativeis com a permanência no Governo.
Campos e Cunha sabe que, em nome da coerência do seu pensamento político, será o primeiro ministro a sair do Executivo. Porque sabe que não conseguirá travar a influência do aparelho socialista liderado por Jorge Coelho na definição do investimento público. E porque já deve saber que José Sócrates nunca lhe dará a autonomia suficiente para sanear as contas públicas. Muito menos depois de ter explicitado em público uma visão diferente da do chefe.

Por isso mesmo, o professor da Universidade Nova começou a preparar a sua saída com o artigo de opinião no "Público". Começou a deixar um legado que condicione o seu sucessor.

Na Primavera do próximo ano, teremos um novo ministro das Finanças.
Fernando Teixeira Santos ou Alberto Castro? Aceitam-se apostas.

domingo, julho 17, 2005

Campos e Cunha it´s not dead - parte 1

O ministro das Finanças decidiu hoje, num artigo de opinião no "Público", iniciar a preparação psicológica dos portugueses para mais cortes na despesa. As áreas já estão escolhidas: Saúde e Segurança Social. Nesta última será dada especial atenção quer aos funcionários públicos, através da continuação do processo de uniformização da Caixa Geral de Aposentações com o regime geral e da convergência dos subsistemas de saúde com a ADSE, quer ao sistema de Segurança Social que os comuns mortais como eu usufruem.
Nada a opôr. Pelo contrário. É imprenscindivel cortar alguns benefícios, para bem do próprio sistema. Tal como é um imperativo social unformizar todos os sistemas de segurança social e de saúde da Função Pública como o Regime Geral e com o Serviço Nacional de Saúde.
Resta saber as medidas em pormenor.

E, já agora, gostaria que alguém perguntasse a Luís Campos e Cunha a sua opinião sobre o recuo de António Costa na questão da extinção do subsistema de saúde das forças de segurança? Ou muito me engano ou a resposta será surpreendente.

Campos e Cunha it´s not dead - parte 2

Mas o mais surpreendente no artigo de Luís Campos e Cunha é a referência à qualidade do investimento público, como um dos vectores essenciais para a sustentabilidade a longo prazo das finanças públicas. Palavras actuais, pouco tempo depois da apresentação do Programa de Investimentos em Infra-Estruturas Prioritárias (PIIEP) que deverá custar perto de 25 milhões de euros:
"(...) Uma boa decisão de investimento impõe a necessidade de uma análise prévia de rendibilidade. Por exemplo, quando se investe numa frota de carros de aluguer (despesas de investimento) não podemos esquecer que, no futuro, devemos fazer a sua manutenção (despesa corrente futura) e ter clientes que suportem a despesa corrente e a amortização do investimento (qualidade do projecto de investimento). Este simples exemplo chama a atenção para a difícil mas necessária selecção dos projectos de investimento. Caso contrário hipotecamos, gastando em investimento, o presente e comprometemos o futuro com prejuízo de exploração. O mesmo se passa com o investimento público".
Totalmente de acordo.
Só há uma pequena incongruência entre o discurso do ministro das Finanças e o discurso do primeiro-ministro. Enquanto este, através do PIIEP, anúncia a construção do novo aeroporto da OTA (3 mil milhões de euros) e do TGV (14 mil milhões de euros), totalizando um investimento de 17 mil milhões de euros (3,4 mil milhões de contos), sem fazer uma "análise prévia da rendibilidade", Luís Campos e Cunha, o homem que manda no Orçamento, diz ser necessário analisar melhor os números.
Certo é que não se pode anunciar um investimento de 3,4 mil milhões de contos sem estar definitivamente acordada com Espanha, no caso do TGV, os locais exactos de conexão com a rede espanhola; sem que tenha sido definitivamente decidido se o TGV será de transporte misto passageiros/mercadoria ou se será exclusivamente de passageiros; sem que se diga aos cidadãos que na OTA só se pode construir duas pistas, ficando a capacidade do aeroporto limitada a 30 milhões de passageiros/ano; sem que se saiba ao pormenor, porque não há nenhuma proposta em cima da mesa, a capacidade financeiras e o interesse dos privados pelas parecerias com o Estado; e, mais importante que tudo, sem que as negociações sobre perspectivas financeiras da União Europeia, interrompidas na última cimeria da presidência luxemburguesa, estejam concluídas.
Ou, segundo as palavras de Campos e Cunha, sem que se saiba, porque não há nenhum estudo feito sobre isso, a taxa de rendibilidade do TGV e da OTA.
O TGV dá lucro? A OTA aguenta mais de 15 anos?
Ainda não há respostas a estas perguntas. Sabem porquê? Porque antes vão ser gastos mais de 650 milhões de euros (130 milhões de contos) em estudos sobre a OTA e outros tantos milhões em estudos sobre o TGV, sendo que certo que um novo aeroporto internacional de Lisboa é estudado desde o tempo de Marcello Caetano, e a alta velocidade desde o fim dos anos 80. Mesmo assim, ainda há mais estudos para fazer. As empresas de consultoria e de advogados agradecem.
Mas, não há problema. O que interessa é animar a economia com anúncios folclóricos. Pode ser que alguns investidores ganhem confiança e invistam.

quinta-feira, julho 14, 2005

As perguntas do marciano (1)

Hoje, fui interpelado por um 'marciano', desconhecido, como são todos os 'marcianos', na altura em que regressava do meu café matinal.
- Prova-me - atirou-me o sinistro e.t. - que os da tua espécie, os humanóides, merecem avançar rumo aos diferentes modos de vida que se estendem pelo cosmos!
- Fácil - disse-lhe, sem hesitar - queimámos - vivas - 30 pessoas, há poucos dias atrás, no Sudão; curtimos um atentado em Londres, onde morreram pessoas inocentes, homens, mulheres e crianças, em número indeterminado; acabámos com cerca de trinta crianças, há dois dias atrás, em Bagdad, num atentado de uma eficácia digna do Diabo nos seus melhores dias; afundamos regularmente petróleo para lavar as águas dos oceanos; assaltamos, corrompemos, mentimos, maltratamos, assassinamos, com a mesma frieza com que sempre o fizemos ao longo da nossa história, e, para além disso, ainda nos contentamos com miudezas! Sabes, continuamos a queimar Portugal, um pequeno e ingénuo país, mantendo uma média de 500 incêndios diários, como se isto fosse natural, e sem qualquer reacção por parte da população que lá vive e que somos nós, etc., etc...
Queres saber de gente mais desenvolvida e preparada para encontros imediatos?

Foto Lusa

quarta-feira, julho 13, 2005

O Estado das Coisas II



É assim que me sinto ao pensar no actual estado da nação (e do mundo, mas vou-me ficar pela nação) nos últimos tempos! Num cenário tétrico de tempestade, assombrado por um sinistro Mr. Burns que me espreita, espia e abomina, sem que eu saiba ao certo o que ele quer de mim para que desapareça de uma vez por todas da minha vista.

Os tópicos: OTA, TGV, Central Nuclear em Portugal, o preço do petróleo, o défice… Pelos vistos nada de muito novo nos últimos tempos. Todas questões sérias e de relevo, sem dúvida! O que me incomoda não são as questões em si, mas a forma mais ou menos teórica e aparentemente inocente (para não dizer aparvalhada) como as tenho visto serem tratadas e discutidas por quem, supostamente percebe e manda no assunto.

Manobras de charme à parte, refiro-me à OTA e ao TGV, acho que a ideia da Central Nuclear é acima de tudo um risco. Ontem, numa discussão amigável, o meu oponente defendia a construção da mesma como algo positivo porque passados vinte anos do gravíssimo acidente de Chernobyl, a tecnologia evoluiu bastante, tornando uma Central Nuclear muito mais segura hoje em dia e a mesma resolveria cerca de 40% das necessidades de consumo de electricidade do nosso país. Pode ser que sim. Mas na minha modesta opinião, em primeiro lugar passaremos a ter um excelente alvo de atentados terroristas, em segundo seja por que razão for, um acidente nuclear em Portugal (isto caso não haja um em Espanha primeiro, na central mais próxima da nossa fronteria, que iria dar no mesmo mas com a vantajem de ao menos morrermos de consciencia tranquila) significaria, dada a escassa extensão do nosso território, uma sentença de morte, à qual apenas escapariam os futuros mutantes portugueses e aqueles que atempadamente conseguissem fugir para as ilhas, ou para o estrangeiro (refiro-me evidentemente a toda a classe politica, alguma da empresarial e os responsáveis pela Central Nuclear, que certamente seriam os primeiros a ser avisados e evacuados em caso de acidente).

Se a questão é também o preço do petróleo, numa situação “apertada” como é a actual devido ao défice e a tudo o que este acarreta, deixem-me dizer desde já que nunca vi um país pobre ter ideias tão pobres como o nosso! A questão aqui é a seguinte, normalmente, os países pobres têm ideias brilhantes de modo a colmatar ou contornar a sua pobreza. São movidos pelo “engenho” a encontrar alternativas e a aproveitar os seus recursos específicos de modo eficaz e exemplar. Mas cá não. A malta gosta demasiado da mama para mexer o cu!

Num país (Portugal, só para que não hajam dúvidas) em que actualmente os carros movidos a diesel representam cerca de 60% das vendas, em que as frotas de camionagem são compostas por veículos movidos a diesel, assim como a grande maioria das máquinas agrícolas, vive-se o estrangulamento causado pelo preço do petróleo como se fosse o fim do mundo e não houvessem quaisquer alternativas. Pois eu não sei quais são os limites da estupidez ou da ignorância ou até da má vontade da nossa classe política, mas certamente que todos eles já ouviram as palavras mágicas: BIODIESEL! O Biodiesel, para quem não saiba, pode ser obtido de duas formas. A primeira das quais representa uma solução absolutamente genial para um problema gravíssimo em termos ambientais. Trata-se da reciclagem de óleos usados. Que óleos? Os das cozinhas em nossa casa, dos restaurantes, enfim, qualquer óleo de origem vegetal que tenha feito umas frituras. Sendo que os mesmos ao serem lançados ao “esgoto” vão poluir os rios, entupir as ETAR e matar uns milhares de peixes e outras formas de vida subaquática, sendo também que o tempo de degradação do óleo é muito extenso, que melhor ideia poderá existir do que transformar um verdadeiro veneno para o planeta em combustível para os nossos carros? Ainda por cima, os gases emitidos pela combustão do Biodiesel, são facilmente absorvidos pela natureza de uma forma quase total devido à sua origem vegetal, ao contrário dos combustíveis de origem fóssil. A segunda alternativa é fabricar o Biodiesel a partir de óleos virgens. Assim poderíamos “plantar” o nosso combustível, mas perde-se quanto a mim a questão mais interessante que é a da reciclagem. Só mais uma nota, todos os motores diesel de última geração estão preparados para aceitar 100% Biodiesel puro, ao passo que os mais antigos necessitam de uma mistura com Diesel convencional. Ora digam lá se não é enervante morrer de sede à beira de água?

Outra: Portugal deve ser o, ou pelo menos um dos, países da Europa com maior exposição solar anual. Onde é que se encontram PAINÉIS SOLARES? Em meia dúzia de sítios. Existe alguma lei que obrigue a sua aplicação em qualquer tipo de construção habitacional ou institucional? Pelo que observo presumo que não. Com a gigantesca factura que pagamos pela energia eléctrica, pergunto se fará sentido construir uma Central Nuclear antes de esgotar os recursos e as vantagens naturais de dispomos dada a nossa localização geográfica. Muitos países nórdicos e da Europa central fazem uso da energia solar usando o pouco sol a que têm direito e nós, que é lá isso… A malta gosta é de petróleo, de Centrais Nucleares, de quexinhas e sofrimentos, agora pensar e trabalhar… Tá quieto!

TV em directo (a notícia!)

Atenção, última hora: António Barreto, motivado pela presença do homenzinho de lilás, avança e proclama às massas: " o povo português não pode ficar à espera de perdoar aos corruptos das Câmaras, do Futebol, de isto e daquilo, isto tem que acabar!"

O povo português, a partir de agora começa a ter legitimidade para actuar por sua conta.

Estamos perdidos.

A senhora de Fátima diz que o povo não convoca a alma perante a corrupção e não vence a crise económica!!!!!!!! E pergunta porquê!

Estamos mais perdidos ainda.

TV em directo (continuação)

Na tentativa de curar os 'copos', desapareci, fui à rua e respirei fundo.
Pensava ainda ter sonhado.
Voltei, coloquei uma toalha molhada na testa, fixei o monitor e tudo me pareceu normal.
Agora, e finalmente, as coisas corriam a meu favor.
Pessoas a quem algo se deve pelo conhecimento que possuem continuavam a tentar explicar porque estamos nós no último lugar do tal ranking europeu.

De repente, uff!, eis que o homenzinho surge, a pedido da senhora de Fátima, e começa, vermelhão, a estrebuchar uma série de precipícios verbais e a pedir comissões e discussões de comissões no sentido de se poder escolher a direcção da educação, patatá, patatá, uff!, outra vez. Tsss, tsss, tss...!

O suor corria-me desalmadamente pela testa, minha e doída, que se havia transformado numa pista de ciclismo molhada e sem bicicletas, e sim, agora, só me restava chamar alguém que trouxesse um martelo, pequenino, me desse com ele no alto do tatuço e me pusesse a dormir. Rápido, de preferência.

Só tive medo de uma coisa: de, por um infeliz acaso, sonhar com 'o homenzinho de lilás' a gritar quer toda a sua família foi 'emigrante', e para me humilhar, muitissimo bem humilhado, soprar ao vento das 'revoluções da história' a defesa revolucionária do senhor Jardim - o Principe das Marés.

TV em directo!

Estou a ver um 'rapaz' de cinzento vestido, com um fundo lilás brilhante, tudo de marca indiscutível, a falar sobre luta dos trabalhadores, com um ar furibundo, aparentando não ter percebido nada acerca da mudança que se tem processado nos contornos da sociedade portuguesa, nos últimos 30 anos, pelo menos.
O bigode está agora com o tamanho de relva quase sintética. Coisas dos nossos dias.
Fala, abastardamente e de uma forma aparvalhada, de uma luta que já foi há vida nas teorias da história, há uns bons anos.
Chama-se Arnaldo Matos e está num debate com gente de referência.
Bebi demais.

terça-feira, julho 12, 2005

Bicada pela fé!

Diz o David que leu umas considerações pró-racionalistas sobre fé, num livro pertencente aos quadros da sua biblioteca.
É-me tão familiar, apenas pela curiosidade que nutro por ela, que não quero deixar de 'bicar' uns grãos sobre a dita.

A fé, essa desconhecida, tão poderosa.

O mundo parece ser um local de paradoxos e de contrários.
Também a mim a fé me confunde, pelo desconhecimento que dela tenho.
Todas as acções criminosas perpetradas ao longo da história do Homem em nome de uma qualquer fé, são apenas, e só, criminosas; de fé, não têm nada.

As palavras, essas desconhecidas, tão poderosas!

Quero agradecer a 'dica' sobre o livro.

Saudações.

Catroga certeiro

Cada vez mais gosto de ouvir, ou de ler, os diagnósticos lúcidos e fundamentados do ex-ministro das Finanças Eduardo Catroga. Ao contrário das restantes eminências pardas económicas, fala directo e de forma perceptível. Ora leiam um pequeno da entrevista de ontem ao "Público":

"Temos de redimensionar e modernizar a administração pública. Estamos com 750 mil funcionários públicos e Espanha tem 2 a 4 milhões. Se admitirmos uma relação de um para quatro, proporcional à população, isto significa que deviamos ter apenas 600 mil funcionários, que era o que tinhamos em 1995.

O país está a suportar esses custos com um aumento de impostos e perda de produtividade e competitividade. Se o país tem um nível de despesa pública oito pontos percentuais do PIB acima do registado em Espanha, isso representa 14 mil milhões de euros de excesso de despesa, o que afecta negativamente a fiscalidade e a produtividade".

Será que um Governo socialista alguma vez conseguirá poupar 14 mil milhões de euros?

De recuo em recuo...

O Ministério da Administração Interna, liderado por António Costa, está a ser a verdadeira força reaccionária deste Governo. Depois da inenarrável proposta de lei sobre o arrendamento urbano apresentado pelo fiel Eduardo Cabrita - a que voltaremos em breve -, António Costa recuou numa das medidas positivas anunciadas por José Sócrates: equiparação dos subsistemas de saúde da PSP e da GNR ao regime da ADSE (Assistência na Doença aos Servidores do Estado).

Segundo o "Público" de Sábado passado, Costa já anunciou às associações profissionais das forças de segurança que tudo continuará na mesma. Depois dos polícias lhe terem gritado nas manifestações em frente ao seu Ministério "ó mentiroso vem à janela!", o ministro da Administração Interna resolveu não mexer em nada. É o que se chama firmeza negocial.

É certo que as forças de segurança têm que ter remunerações decentes - um polícia de baixa patente nao leva para casa mais de 150 contos/mês -, mas os subsistemas de saúde têm que acabar na Função Pública. A uniformização é um imperativo moral e ético. Não podem existir regras especiais dentro da Administração Pública. Ainda para mais quando os subsistemas de saúde das forças policiais já geraram um passivo de mais de 150 milhões de euros.

Com recuos como este, o Governo de Sócrates vai perdendo a credibilidade e a base social de apoio. Independentemente da maioria absoluta.

segunda-feira, julho 11, 2005

Polémicas jornalisticas

Anda pr'aí uma grande polémica sobre a actual linha editorial da secção de Política do Público. O FTA, esquerdista dos sete costados e jornalista do Indy, protesta contra os temas fracturantes, como o aborto, as mulheres comunistas, as mulheres socialistas, a memória da PIDE, o Tarrafal, etc, que dominam hoje em dia as páginas do noticiário político nacional do diário do Belmiro de Azevedo. O DD apoia.
E eu proponho que oiçam com atenção, já agora, os noticiários da TSF. Constatarão, como eu, que, devido a um fenómeno de origem desconhecida, ou talvez não, as opiniões e os actos públicos do secretário-geral do PCP, assim como as actividades dos comunistas e dos sindicatos da CGTP, chegam a ter tanto destaque como no "Avante". Depois da autêntica propaganda sob a forma de notícias que a TSF transmitiu durante as exéquias de Álvaro Cunhal, a "minha" estação radiofónica está cada vez mais parecida com a "Rádio Moscovo".
Ambos os casos, Público e TSF, são mais uma prova de que praticar um suposto jornalismo objectivamente imaculado, ao mesmo que se luta ideologicamente contra ou a favor de certas bandeiras políticas, só podem dar resultados catastróficos. Os leitores e os ouvintes não gostam de ser enganados.

Será o luto a única saída para a humanidade?











A cobardia é a mãe da crueldade.
Michel de Montaigne

segunda-feira, julho 04, 2005

Belmiro, a Comunidade e os Governos de Portugal

Acabei de observar o senhor Belmiro de Azevedo a questionar um comissário europeu, em directo (na RTP), acerca do facto de não censurarem, na Comissão, a atribuição dos Fundos, relativamente aos projectos internos de cada país!

Sempre à procura do pai, típico do português, e inesperado da parte do nosso grande empresário.

Isto, para mim, só quer dizer que o nosso Belmiro de Azevedo não confiou em governo nenhum, não lhes confiou (a) qualquer responsabilidade e acha que as manobras dos TGV's só valem para questões eleitorais e... nada mais!

Eu também penso assim e não me compete pensar, porque mesmo que pense assim não vou poder evitar, democraticamente, o que quer que seja, relativamente ao TGV ou a projectos similares.

Curioso...

Nós, Bruxelas e a dificuldade de assumir a comunidade

As normas comuns são difíceis de cumprir? Bruxelas é muito difícil para nós?
O que nos falta?

Happy Birthday

Parabéns ao Paulo Gorjão pelo segundo aniversário de um dos espaços de referência da blogosfera lusófona: o Bloguítica.

domingo, julho 03, 2005

José Miguel Júdice e a vontade de picar!

Desde quando os amigos se sobrepõem à fidelidade partidária em Portugal?
Começo a pensar que, para algumas figuras 'tipicamente' portuguesas, os partidos começam a ser aquilo a que é costume designar por 'empeçilho' .
Ai, que ainda vamos ouvir o impensável acerca da forma como estão arrumadas as tendências cá no burgo!

Roubo!

(...)
O espaço público, essencial à democracia, foi-me roubado. Roubado pelo sistema partidário, pelo sistema representativo, pelo sistema mediático transcendente.
(...)
José Gil, Portugal, Hoje - O Medo de Existir

sábado, julho 02, 2005

Uau!

Boa, Francisco! A passarada, agradece.

Privilégios!

Está a chegar o tempo em que passa a ser uma necessidade retirar os privilégios às más notícias que têm assolado o 'Portugal dos pequeninos', nos últimos tempos.